Dia dos namorados musical
Belo Horizonte vai ficar pequena para tanta música. Quatro praças da capital mineira vão sediar, no dia 12 de junho, mais de quinze shows. É o Festival Natural Musical Minas, que vai trazer atrações como Milton Nascimento, Pato Fu, Maria Gadú e Roberta Sá.
Os shows serão nas praças Duque de Caxias (Santa Tereza), Liberdade (Savassi), Estação (Centro) e no Parque Ecológico Lagoa do Nado (Pampulha) e terão entrada franca. O evento, que comemora quatro anos, é uma iniciativa da Natura, marca de cosméticos. Será a primeira edição
em Minas Gerais, e a intenção é promover o encontro do público mineiro com a música do Estado.
Quem comemora são os fãs de música. André Luiz Meireles, motoboy de 19 anos, afirma que o festival já está marcado em sua agenda. “Estou curtindo o Conexão Vivo, mas já pensando no Dia dos Namorados! Alguns dos meus artistas preferidos vão se apresentar, e, só de saber que é de graça, já vale a ansiedade. Vou aproveitar pra namorar bastante por lá”, explica.
A namorada de André, Sabrina Matos, estudante de 18 anos, já se prepara para assistir a shows em diferentes pontos da cidade. “Os shows do Pato Fu e do Lô Borges serão na Praça da Liberdade, mas o do Milton Nascimento com a Maria Gadú e a Roberta Sá será na Praça da Estação. Vou me multiplicar para assistir a todos”. As apresentações devem ocorrer entre as 10h e as 20h. André Luiz é ainda mais enfático. “Os cariocas tem o rock in Rio, os belorizontinos tem o Festival Natura”, finaliza a universitária.
Quanto vale colaboração jornalística de qualidade? U$ 315 milhões
Um agregador de blogs de U$ 315 milhões. É assim que pode ser brevemente resumido o “The Huffington Post”. A página foi criada pela greco-estadunidense Arianna Huffington, que, além de ser uma mulher mundialmente conhecida pela dicção imperfeita, tornou-se uma das escritoras/comentaristas mais respeitadas da atualidade. É preciso salientar nesse ponto que, apesar de ser a presidente de um dos maiores conglomerados de informação do mundo, o recém-criado The Huffington Post Media Group, Arianna não possui formação acadêmica na área de jornalismo.
O portal já superou o “New York Times” em sua versão online. Talvez isso se deva ao fato de que o conteúdo do Times é pago, enquanto o do Huffington Post é gratuito, mas esse “detalhe” não pode tirar o brilho do feito alcançado pelo despretensioso agregador de blogs. Sim, porque foi a partir desse conceito, o de agrupar em um único portal o conteúdo, a princípio, isento de influências políticas ou econômicas de outros, que nasceu o novo conglomerado, ligado à gigante da Internet, América Online (AOL).
O jornalismo cidadãodo Huffington Post, como define Arianna, apesar de ágil e, evidentemente, valorizado, no entanto não é isento de polêmicas. Os blogueiros, chamados de colaboradores, que escrevem as matérias e colunas do portal, não recebem nenhuma remuneração pelas contribuições. Até então este esquema funcionava bem. O problema começou quando a compra pela AOL foi efetuada e a criadora da iniciativa passou a ganhar cerca de U$ 4 milhões anuais. Os blogueiros continuam sem receber nada, e levaram a questão até as redes sociais. Uma página no Facebook, por exemplo, foi batizada como “Ei, Arianna, você pode me dar um trocado?”, em tradução livre.
A proposta de colaboração tem se mostrado eficiente. Blogueiros de todas as partes do mundo podem enviar seus textos e imagens através do próprio portal, arriscando, até mesmo, um convite para colaborar permanentemente, caso seu trabalho agrade. O HuffingtonPost.com é dividido em editorias, tem um template que lembra o de um jornal tradicional impresso e é quase, eu disse quase!, isento de publicidade. Os poucos anúncios resumem-se a pequenas janelas inseridas na página principal e em algumas matérias, nada que chegue a poluir o visual.
A próxima iniciativa de Arianna Huffington é criar o HuffPost, uma sessão internacional, que deve começar pelo Brasil. Essa é apenas uma das medidas que o conglomerado quer adotar para alcançar os 270 milhões de internautas que são cobiçados pelo grupo desde a compra pela AOL.
Pintando e bordando em Ouro Preto
Saúde de BH pode parar no CTI durante Copa de 2014
Depois das sucessivas paralisações que atingiram Betim, Belo Horizonte, Santa Luzia e Juiz de Fora (além das muitas cidades ao redor do país que tem sofrido pela precariedade do sistema), a saúde no Brasil pediu socorro, mais uma vez. Dessa vez, porém, quem cruzou os braços não foram os médicos do SUS, mas os profissionais ligados a planos de saúde. As queixas são as de sempre: falta de condições de trabalho e salários ínfimos. O discurso, também, não muda. O governo afirma que não pode intervir e as operadoras da Saúde Suplementar argumentam que não podem negociar com a categoria por falta de recursos. Enquanto isso, a população fica refém de hospitais lotados e médicos insatisfeitos.
Belo Horizonte, uma das cidades-sede da Copa do Mundo FIFA de 2014, também sofre com a estrutura precária do sistema de saúde. A cidade, que tem pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, conta com 1032 estabelecimentos de saúde. O número, porém, não tem sido suficiente para atender aos moradores da capital mineira e das cidades da região metropolitana, que somam outros 3,3 milhões de habitantes.
O Programa Saúde da Família, uma das alternativas criadas pelo Governo Federal para atenuar a crise do SUS, não tem conseguido solucionar o problema da falta de assistência. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina da Família, cada equipe do PSF deveria ser responsável por, no máximo, dois mil habitantes. Em Belo Horizonte, esse número chega a seis mil moradores.
É nesse cenário que o Brasil articula a segunda Copa do Mundo de futebol que vai sediar. Em 2014, o país deve receber cerca três milhões de turistas internacionais, além dos brasileiros que estarão em trânsito nas doze cidades-sede do mundial. Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Paulo Marra, as estimativas são alarmantes. “É preciso pensar que Belo Horizonte, uma cidade que já não suporta sua própria demanda, vai precisar atender a um sem número de turistas que podem, eventualmente, precisar de assistência”, salienta o médico. “Mesmo em tempo de festa, como em uma Copa do Mundo, as pessoas acabam precisando de um hospital. São casos que vão desde a ressaca até a acidentes graves, que podem resultar em óbito”, explica.
Entrevista com o Dr. Paulo Marra
Os turistas estrangeiros que entram de forma legal no Brasil geralmente dispõem de seguro médico fornecido pelas agências de viagem, enquanto os turistas brasileiros são pacientes em potencial dos hospitais públicos. De acordo com Márcio Bichara, diretor da Federação Nacional dos Médicos, a situação pode fugir ao controle das autoridades. “O governo tem fechado parcerias para a construção de novos hospitais, como no caso do Hospital Regional do Barreiro, que deve ter as obras iniciadas ainda este ano. Porém, é preciso pensar que não vai ser um hospital que vai dar conta de atender três milhões de pacientes além da própria demanda local”, diz o médico, que ainda alerta sobre uma conseqüência ainda mais grave. “O sistema de saúde brasileiro corre sérios riscos de entrar em colapso durante o torneio esportivo”.
Os pacientes já têm sentido na pele a dura realidade da saúde no Brasil. A consultora de vendas Xênia Quintão explica que já não há alternativas para quem precisa de atendimento médico no país. “Depois de muitas humilhações e sofrimento no SUS, consegui contratar um plano de saúde. A única diferença é que, agora, preciso pagar caro todos os meses, já que o atendimento continua péssimo e, muitas vezes, nem consigo marcar consultas”, denuncia.
O Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo, Sinamge, afirma que novos recursos devem ser injetados no setor para ampliar e melhorar o atendimento na Saúde Suplementar. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte explicou que está em fase de negociação com os médicos do município e que novo concurso público deve ser realizado até o fim de 2011 para a contratação de novos profissionais para o Programa Saúde da Família. Enquanto isso, os governos Federal e Estadual estão fechando parcerias público-privadas (PPP’s) para a construção de novos hospitais pelo país.
Cidades da região metropolitana enfrentam crise política
Prefeitos de Betim e Belo Horizonte na corda bamba. Esse é o tema do primeiro podcast do Pontuall. Confira:
FeedReader X Google Reader
Segundo o antigo provérbio, “tempo é dinheiro”, e se a máxima é verdadeira, devemos aproveitar nosso tempo ao máximo. É com essa prerrogativa que os leitores de “feed” se apresentam, prometendo agilizar e potencializar o tempo dos usuários da Internet. O indivíduo deixa de “garimpar” entre as milhões de páginas existentes na rede mundial de computadores e passa a ter acesso quase que imediato àquilo que mais lhe interessa. Ao menos é essa a promessa. Vamos, então, desvendar e comparar dois dos aplicativos mais famosos para a leitura de feeds, o FeedReader e o Google Reader.
O FeedReader, desenvolvido pela I-Systems, já começa em desvantagem em relação ao rival da Google: seu uso só é possível através da instalação do programa no HD. O aplicativo, já instalado, ocupa mais de 12 mb no disco rígido, enquanto o Google Reader é totalmente online, ou seja, não demanda instalação alguma, apenas uma conta de e-mail da gigante da Internet. Ponto para o último.
Os dois programas estão disponíveis em português, o que amplia o público em potencial, mas ambos também se apresentam distantes dos internautas de nível básico. Um usuário que conhece pouco do ambiente virtual pode ter dificuldade em usar qualquer um dos aplicativos. O Google Reader é um pouco mais simples (bem pouco, talvez por não ser “instalável), e por isso ganha mais um ponto.
O layout do aplicativo da I-Systems é mais bonito, enquanto o leitor da Google se prende a mais do mesmo: a página do Google Reader pode ser facilmente confundida com qualquer outra, como o mecanismo de buscas. Ponto estético para o FeedReader.
Na comparação analítica realizada, o Google Reader levou a melhor. Apesar de não ser tão bonito quanto o rival, é mais prático e um pouco mais simples de ser utilizado. Além disso, a atualização das notícias foi um pouco mais rápida no aplicativo online do que no FeedReader.
É preciso pensar, porém, além dos fatores já mencionados, até que ponto o uso de agregadores de RSS é positivo. Poupa tempo? Sim. Entretanto, limita o internauta, que, por ir “direto ao assunto”, pode deixar de ter acesso a outras notícias ou materiais que podem lhe ser interessantes. O ser humano é um ser plural, multifacetado, e precisa ser pensado dessa forma.
Bem Me Quer é bem mais do que brincadeira
LAURA DE LAS CASAS,
3º PERÍODO
Depois de uma manhã de aula no Colégio Municipal Benjamin Jacob, próximo à favela Vila Acaba Mundo, localizada no Bairro Sion, regiao Sul de Belo Horizonte, Katielly Moreira, 9 anos, não volta para casa. Ela sabe que um almoço caprichado a espera na Casa de Apoio Bem me Quer, onde a menina passa suas tardes de segunda á quinta, desde o começo do ano. O dia preferido da pequena Katielly é quinta-feira, pois a menina tem sua tão esperada aula de ballet, oferecida pela professora Marise Campos. Lá, além de aulas de dança, Katielly aprende bordado, culinária, psicoterapia individual, momentos de oração, aula de computação, desenvolvimento das lições de casa e coisas básicas como a higiene pessoal. “Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira”, conta a menina, com alegria.
A “Bem me Quer” é um projeto que acontece há 15 anos, liderado por Pérola Mascarenhas e que sobrevive graças aos cerca de cem associados, que fazem doações mensais para manter as diversas atividades oferecidas para cerca de 40 meninas, de sete a 14 anos, todas moradoras da Vila Acaba Mundo, em dois horários distintos, pela manhã e à tarde. Pérola explica que a ideia para o surgimento desse projeto social veio junto com a vontade de retribuir a sociedade tudo aquilo que teve em sua vida. “Por isso, sempre quis fazer algo destinado a garotas. É um trabalho que tem como única meta a felicidade delas”, conta Pérola.
DO BEM Para a fundadora, a ideologia que todos da Casa Bem Me Quer devem seguir “vem de um filósofo muito antigo e diz que nossa finalidade é buscar tudo que é bom, tudo que é bonito e tudo que é verdadeiro“. Para isso, o foco do projeto é a saúde e a educação das meninas, que contam com a ajuda de quatro educadoras para as atividades diárias.
A condição para quem quer participar do projeto é estar matriculada em alguma escola, com frequência regular. Para ser voluntário , basta assinar um termo de compromisso com o trabalho e ter boa vontade.
ATIVIDADES Katielly se diverte nos momentos de brincadeiras, mas demonstra reconhecer a importância das outras atividades. “Aqui a gente aprende muito sobre o nosso corpo, sobre cozinhar, a gente aprende até comidas de outros países. E bordar também eu gosto, mas não só pra bordar aqui. Eu aprendo aqui e bordo em casa com a minha mãe também”, explica a menina. Todos os dias, antes de voltar para casa, o grupo de garotas toma banho e escova os dentes, para aprenderem corretamente como cuidar do próprio corpo. Um dos momentos de descontração mais esperados pelo grupo de garotas é a roda de canto, que acontece toda quinta-feira, na qual todas as meninas podem soltar a voz e cantar com a ajuda de um microfone.
Pérola explica que passa por algumas dificuldades no dia a dia, no que diz respeito ao interesse pelos estudos e pelo futuro. “Quando as meninas são menores é mais fácil, pois elas nos escutam, mas em contraponto elas não estão tão preocupadas com o futuro. As adolecentes são difíceis. Eu gostaria que houvesse mais interesse, que elas absorvessem mais. Isso tudo é um trabalho lento”, reconhece a fundadora. Generosa Costa, uma das educadoras, concorda com Pérola. “Mas elas, apesar de todas serem muito diferentes, são super carinhosas”, completa.
Apesar das reuniões com as mães terem a presença de pouquíssimas delas, Pérola insiste em compartilhar cada problema e cada conquista com elas. Sempre quando percebe alguma dificuldade maior em uma das meninas, procura a ajuda de psicólogos e logo entra em contato com os pais. “É triste porque as mães são quem menos vêm, são daquelas que mais precisam”, conclui.